sábado, 26 de janeiro de 2013

BEM-AVENTURADO O HOMEM QUE ME DEU FILHOS

(Arquivo pessoal de Suzana Guimarães & Lily)

 
BEM-AVENTURADO O HOMEM QUE ME DEU FILHOS.
 
Suzana Guimarães

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

DIURNO INACABADO

UM POEMA DE LEONARDO B. para Suzana Guimarães





Para a Suzana Guimarães, com estima e admiração


Cabem-me nos passos da casa toda
o idioma tardio
o ido sopro do silêncio, a chuva
na mínima fogueira acesa por dentro

e por pegadas, no metal e pedra
a marca por lapidar no fogo branco,
a luz macia e baça que não se quer acrescentar ao dia.

Do lugar sonâmbulo que me traz por casa,
ainda a casa toda, trago
por vestígio de espelho o que hoje não me acordou,
e por dor passageira onde sou invenção do ventre
o cada instante que me sobra escuro,
e já não sou.

Cabe-me no peito o pássaro,
o mínimo vento da asa, aragem
o alicerce da casa onde os meus passos não me adivinham,

passada rápida, contrafeita
pelo tempo que foi, onde não estou
nem fui, nem me rejeita:
- Inventarei o traço convulso
no que por minhas pegadas me imagino que sou,

onde me cabem as sombras do todo o passo
cicatriz do dia inteiro por meu mínimo horizonte,
o pouco de meu corpo compasso
a medida itinerária, a desajeitada ciência
do que mais adiante será o resto do corpo,
do que não me cabe, nem trago ou sou:
- Esse arrumo, apenas um passo
do que antes foi meridiano da casa,
do traço do tempo que não me alterou.
  
É vestígio do passo, minha casa toda,
o meu lapso tempo
que trago por astro, peito adentro

é o lugar onde me invento, diurno
por defeito.

[Maio 2011, 18 - Janeiro 2013, 18]

[breve aparte: este texto, como revisão possível de um outro de 2011, muito hesitante aparece definido desta forma, nesta forma de texto possível…]